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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Composição étnica do Brasil - Miscigenação e a Cultura Brasileira: da diversidade à desigualdade



A riqueza Humana consiste na diversidade cultural  do presente e do passado.


Composição étnica do Brasil - Miscigenação


   Não  existe na atualidade nenhum grupo humano racialmente puro. As populações contemporâneas são o resultado de um prolongado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao longo do tempo.

    Miscigenação é o cruzamento de raças humanas diferentes. Desse processo, também chamado mestiçagem ou caldeamento, pode-se dizer que caracteriza a evolução do homem. Mestiço é o indivíduo nascido de pais de raças diferentes (apresentam constituições genéticas diferentes).

    Esses conceitos, porém, são ambíguos, como o próprio conceito de raça. O filho de um alemão e uma sueca, por exemplo, não é considerado mestiço, mas sim alemão ou sueco, conforme o meio em que ocorrer sua socialização. O filho de um alemão e uma vietnamita, ao contrário, será considerado mestiço (eurasiano), seja qual for o meio em que se der sua integração.

      Popularmente, considera-se miscigenação a união entre brancos e negros, brancos e amarelos, e entre amarelos e negros, ou seja, os grandes grupos de cor em que se divide a espécie humana e que, na concepção popular, são tidos como “raças”. Brancos, negros e amarelos, no entanto, não constituem raças no sentido biológico, mas grupos humanos de significado sociológico que o senso comum identifica por um traço peculiar — no caso, a cor da pele.
    Na história do Brasil, a ocorrência da mestiçagem é bastante pronunciada. Esse fato gerou uma identidade nacional singular e um povo marcadamente mestiço na aparência e na cultura.


       O Brasil, como se sabe, é um país com uma grande diversidade étnica, ou seja, apresenta uma elevada variedade de raças e etnias. Nesse caso, o termo “raça” não é compreendido em seu sentido biológico, mas sim em seus aspectos socioculturais de modo a diferenciar os grupos populacionais por características físicas externas, geralmente a cor e outros aspectos. Já o termo “etnia” costuma definir as populações com base também em suas diferenciações culturais e linguísticas, envolvendo também tradições, religiões e outros elementos.

       Há, dessa forma, uma incontável variedade de tipos que definem a composição étnica do Brasil. Por exemplo, só de indígenas, segundo dados do IBGE, existem cerca de 305 etnias que pronunciam mais de 270 idiomas. Esse número é acrescido às diferentes ramificações de povos europeus, africanos, asiáticos e tantos outros que descenderam dos povos que migraram para o país durante o seu período histórico pós-descobrimento.

     De um modo geral, podemos dizer que a composição étnica brasileira é basicamente oriunda de três grandes e principais grupos étnicos: os indígenas, os africanos e os europeus. Os índios formam os agrupamentos descendentes daqueles que aqui habitavam antes do período do descobrimento efetuado pelos portugueses. Com a invasão dos europeus, boa parte dos grupos indígenas foi dizimada, de modo que várias de suas etnias foram erradicadas.

     Já os negros africanos compõem o grupo dos povos que foram trazidos à força da África e que aqui foram escravizados, sustentando a economia do país durante vários anos por meio de seu trabalho. Boa parte de nossa cultura, práticas sociais, religiões, tradições e costumes está associada a valores oriundos desses povos. Dentre as etnias africanas que vieram para o Brasil, destacam-se os bantos, os sudaneses e outras populações.

     Já os povos europeus que vieram para o Brasil basicamente se formaram de populações portuguesas, além de grupos franceses, holandeses, italianos, espanhóis e outros, que configuraram a matriz étnica predominante no país, segundo vários estudos.

  
     Mas é claro que essa divisão é apenas uma visão simplista, pois é impossível dizer que apenas essas etnias formam a população brasileira, conforme o “mito das três raças” e suas derivações. Na verdade, existem centenas ou talvez milhares de agrupamentos diferentes ao longo do território brasileiro, de modo que qualquer classificação sempre restringirá a um certo limite algo que é muito mais amplo.

      O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a população brasileira com base em cinco tipos diferentes de raças: os brancos, os negros, os pardos, os amarelos e os indígenas, cuja distribuição podemos observar no quadro a seguir, elaborado com base em informações obtidas pelo Censo Demográfico de 2010.


As etnias no Brasil

Dificilmente existe uma nação com tão complexa e variada composição étnica de sua população. No caso do Brasil, a formação populacional advém de basicamente cinco distintas fontes migratórias, são elas:

- os nativos, que se encontravam no território antes da chegada dos portugueses. Esses povos eram descendentes de homens que chegaram às Américas através do Estreito de Bering;

- os portugueses, que vieram para o Brasil a fim de explorar as riquezas da colônia;

- os negros africanos, que foram trazidos pelos europeus para trabalhar nos engenhos na produção do açúcar a partir do século XVI;

- a intensa imigração europeia no Brasil, sobretudo no sul do país;

- a entrada de imigrantes oriundos de várias origens, especialmente vindos da Ásia e Oriente Médio.

Com base nessas considerações, a população brasileira ficou com a seguinte composição étnica:


Brancos: a grande maioria da população branca tem origem europeia (ou são descendentes desses). No período colonial vieram para o Brasil: espanhóis, holandeses, franceses, além de italianos e eslavos. A região sul abriga grande parte dos brancos da população brasileira, pois esses imigrantes ocuparam tal área.

    Negros: essa etnia foi forçada a migrar para o Brasil, uma vez que vieram como escravos para atuar primeiramente na produção do açúcar e mais tarde na cultura do café. O Brasil é um dos países que mais utilizou a mão de obra escrava no mundo. Hoje, os negros se concentram principalmente em áreas nas quais a exploração foi mais intensa, como é o caso das regiões nordeste e sudeste.


Indígenas: grupo étnico que habitava o território brasileiro antes da chegada dos portugueses. Nesse período, os índios somavam cinco milhões de pessoas. Os índios foram quase disseminados, restaram somente 350 mil índios, atualmente existem 170 mil na região Norte e no Centro-Oeste 100 mil.



Pardos: etnia formada a partir da junção de três origens: brancos, negros e indígenas, formando três grupos de miscigenação.



Mulatos: correspondem à união entre brancos e negros, esse grupo representa 24% da população e ocorre com maior predominância no Nordeste e Sudeste.



Caboclos: representa a descendência entre brancos e indígenas. No país respondem por 16% da população nacional. Esse grupo se encontra nas áreas mais longínquas do país.



Cafuzos: esse grupo é oriundo da união entre negros e índios, essa etnia é restrita e corresponde a 3% da população. É encontrado com maior frequência na Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

Cultura Brasileira: da diversidade à desigualdade

         Mesmo admitindo a existência de diversos estudos e discussões antropológicas sobre o conceito de cultura, podemos considerá-la, grosso modo, da seguinte forma: a cultura diz respeito a um conjunto de hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos, dentre outros aspectos mais gerais, como forma de organização social, política e econômica que caracterizam uma sociedade.

    Além disso, os processos históricos são em grande parte responsáveis pelas diferenças culturais, embora não sejam os únicos fatores a se considerar. Isso nos permite afirmar que não existem culturas superiores ou inferiores, mas sim diferentes, com processos históricos também diversos, os quais proporcionaram organizações sociais com determinadas peculiaridades. Dessa forma, podemos pensar na seguinte questão: o que caracteriza a cultura brasileira? Certamente, ela possui suas particularidades quando comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos debruçamos sobre um passado marcado pela miscigenação racial entre índios, europeus e africanos.

      A cultura brasileira em sua essência seria composta por uma diversidade cultural, fruto dessa aproximação que se desenvolveu desde os tempos de colonização, a qual, como sabemos, não foi, necessariamente, um processo amistoso entre colonizadores e colonizados, entre brancos e índios, entre brancos e negros. Se é verdade que portugueses, indígenas e africanos estiveram em permanente contato, também é fato que essa aproximação foi marcada pela exploração e pela violência impostas a índios e negros pelos europeus colonizadores, os quais a seu modo tentavam impor seus valores, sua religião e seus interesses. Porém, ao retomarmos a ideia de cultura, adotada no início do texto, podemos afirmar que, apesar desse contato hostil num primeiro momento entre as etnias, o processo de mestiçagem contribuiu para a diversidade da cultura brasileira no que diz respeito aos costumes, práticas, valores, entre outros aspectos que poderiam compor o que alguns autores chamam de caráter nacional.

     A culinária africana misturou-se à indígena e à europeia; os valores do catolicismo europeu fundiram-se às religiões e aos símbolos africanos, configurando o chamado sincretismo religioso; as linguagens e vocabulários afros e indígenas somaram-se ao idioma oficial da coroa portuguesa, ampliando as formas possíveis para denominarmos as coisas do dia a dia; o gosto pela dança, assim como um forte erotismo e apelo sexual juntaram-se ao pudor de um conservadorismo europeu. Assim, do vatapá ao chimarrão, do frevo à moda de viola caipira, da forte religiosidade ao carnaval e ao samba, tudo isso, a seu modo, compõe aquilo que conhecemos como cultura brasileira. Ela seria resultado de um Brasil-cadinho (aqui se fazendo referência àquele recipiente, geralmente de porcelana, utilizado em laboratório para fundir substâncias) no qual as características das três “raças” teriam se fundido e criado algo novo: o brasileiro. Além disso, do ponto de vista moral e comportamental, acredita-se que o brasileiro consiga reunir, ao mesmo tempo, características contraditórias: se por um lado haveria um tipo de homem simples acostumado a lutar por sua sobrevivência contra as hostilidades da vida (como a pobreza), valorizando o mérito das conquistas pessoais pelo trabalho duro, por outro lado este mesmo homem seria conhecido pelo seu “jeitinho brasileiro”, o qual encurta distâncias, aproxima diferenças, reúne o público e o privado.

    Ainda hoje há quem possa acreditar que nossa mistura étnica tenha promovido uma democracia racial ao longo dos séculos, com maior liberdade, respeito e harmonia entre as pessoas de origens, etnias e cores diferentes. Contudo, essa visão pode esconder algumas armadilhas. Nas ciências sociais brasileiras não são poucos os autores que já apontaram a questão da falsidade dessa democracia racial, apontando para a existência de um racismo velado, implícito, muitas vezes, nas relações sociais. Dessa forma, o discurso da diversidade (em todos os seus aspectos, como em relação à cultura), do convívio harmônico e da tolerância entre brancos e negros, pobres e ricos, acaba por encobrir ou sufocar a realidade da desigualdade, tanto do ponto de vista racial como de classe social. Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, no transporte coletivo, na escola, até no ambiente de trabalho. Isso não significa que vivamos numa sociedade racista e preconceituosa em sua essência, mas sim que esta carrega ainda muito de um juízo de valor dos tempos do Brasil colonial, de forte preconceito e discriminação. Além disso, se a diversidade cultural não apagou os preconceitos raciais, também não diminuiu outro ainda muito presente, dado pela situação econômica-social do indivíduo.
É preciso considerar que a escravidão trouxe consequências gravíssimas de ordem econômica para a formação da sociedade brasileira, uma vez que os negros (pobres e marginalizados em sua maioria) até hoje não possuem as mesmas oportunidades, criando-se uma enorme distância entre as estratificações sociais. Como sugere o antropólogo Darcy Ribeiro, mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os brasileiros um forte preconceito de classe social.

Dessa forma, o Brasil da diversidade é, ao mesmo tempo, o país da desigualdade. Por isso tudo é importante que, ao iniciarmos uma leitura sobre a cultura brasileira, possamos ter um senso crítico mais aguçado, tentando compreender o processo histórico da formação social do Brasil e seus desdobramentos no presente para além das versões oficiais da história.


Pluralidade da Cultura Brasileira
Sonia Nogueira

I
Brasil de colorido intenso, vibrante,
Dos povos variados fiéis ás raças.
Branco, preto, mulato, pardo, amante,
Trouxe em cada cultura saber e graça. 


Unidos num só dialeto, o português.
Em cada conhecimento uma criação,
Em cada aprendizado nato à altivez,
Elevando o país, espalhando emoção.


Transmite de geração a geração,
Um tributo nato das habilidades.
Saberes nas artes, crenças, religião,
Leva na bagagem sonhos, liberdades.


A pluralidade da cultura brasileira,
Vemos na garra da gente guerreira.

II
Vemos na garra da gente guerreira,
No artesanato, com mãos de fada,
Festas carnavalescas sem fronteiras,
Encantando o turista em revoada.


No canto em sinfonias variadas,
A culinária em sabores distintos,
No barro as esculturas projetadas,
A fé, a cura, nos templos Divinos.


Cultura, expressão maior da nação,
Portal de entrada que se alastra.
Levamos estampados na construção,
Nos costumes, imbuído na pilastra.


Como um troféu do país progresso.
Que seja a cultura lema do sucesso. 

***

Pesquisa e orgamização da postagem: Profª Lourdes Duarte

FOTES:
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/as-etnias-no-brasil.htm
http://brasilescola.uol.com.br/geografia/composicao-etnica-brasileira.htm
http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/os-povos-no-brasil-miscigenacao
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=54645



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sotaque – O que é? e DIALETOS BRASILEIROS

Sotaque – O que é?

     Alguma vez você já ouviu alguém falar que você tem um sotaque engraçado? E você entendeu o que ela quis dizer? Você sabe direitinho o que é um sotaque? Se não sabe, não se sinta mal. A hora de aprender é agora!
Todo mundo possui sotaque, porque o sotaque é nada mais que a maneira como nós falamos, como nós pronunciamos as palavras. Pessoas de lugares diferentes falam de formas diferentes, e por isso elas possuem sotaques diferentes.
Os vários sotaques do Brasil.

    O nosso Brasil é um país muito grande, e por isso é muito difícil as pessoas de uma região terem contato com outra região. Assim, cada região acaba criando o seu próprio sotaque, a sua própria maneira de falar.

   Você já deve ter percebido que o sotaque de um paulista é diferente do sotaque de um nordestino, certo? Os paulistas puxam o “r”, falam “porrrrta”, enquanto os nordestinos costumam falar arrastado, quase como se estivessem cantando.

    Cada região tem o seu sotaque específico, e quando ouvimos uma pessoa falar é bem fácil identificar se ela é do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, da Bahia, de Pernambuco, do Pará… Cada lugar é um sotaque diferente.
Outra diferença de sotaque bem comum é entre pessoas que vivem em grandes metrópoles e pessoas que vivem no interior de seus estados. Geralmente, apesar de viverem perto e na mesma região, essas pessoas ainda possuem sotaques diferentes.
É importante lembrar que não existe sotaque mais bonito nem mais feio, melhor nem pior. Todos os sotaques são únicos, eles expressam a cultura e a história da região, e por isso não devem ser comparados com o intuito de achar superioridade em algum.


A história dos sotaques brasileiros

   Além da grande extensão do território, a diferença dos sotaques brasileiros também pode ser explicada pela história. Nosso país foi destino de várias correntes imigratórias que vieram de vários países diferentes, principalmente da Europa.

    Portugueses, italianos, holandeses, alemães… eles vieram para nosso país e se estabeleceram em lugares diferentes. Os italianos, por exemplo, ficaram principalmente no sul, e por isso o sotaque das pessoas do sul do Brasil se assemelha com o sotaque italiano.

   O Rio de Janeiro foi a sede da corte portuguesa no Brasil, e por isso o sotaque de lá é mais parecido com o de Portugal. No norte houve pouca imigração, então a maior parte do sotaque vem dos índios.



    As origens dos sotaques brasileiros estão na colonização do país feita por vários povos em diferentes momentos históricos. O português, como se sabe, imperou sobre os outros idiomas que chegaram por aqui, mas sofreu influências do holandês, do espanhol, do alemão, do italiano, entre outros.
Além disso, havia diferença no idioma português falado entre os colonizadores que chegavam aqui, vindos de várias regiões de Portugal e em distintas décadas. "Os portugueses vinham em ondas, em diferentes épocas. Por isso, o idioma trazido nunca foi uniforme", explica Ataliba Teixeira de Castilho, linguista e filólogo, consultor do Museu da Língua Portuguesa e professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

   Os primeiros contatos linguísticos do português no Brasil foram com as línguas indígenas e africanas. "A partir do século XIX, os imigrantes europeus e asiáticos temperaram essa base portuguesa, surgindo o atual conjunto de sotaques", diz o professor Ataliba.

   É só reparar o sotaque e a região para lembrar os vários imigrantes que contribuíram para a história do país. No Sul, os alemães, italianos e outros povos vindos do leste europeu. No Rio Grande do Sul, acrescenta-se a estes a influência dos países de fronteira, de língua espanhola. São Paulo e sua grande comunidade italiana, misturada a pessoas vindas de várias partes do Brasil e do mundo; Pernambuco e os holandeses dos tempos de Mauricio de Nassau. Os exemplos são muitos e provam que os sotaques são parte da história da formação do país.

    Por isso mesmo, não se pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua", afirma o professor.


 DIALETOS do Brasil

    Dialeto é a linguagem peculiar de alguma região, a variação regional de determinada língua. Devido a alguns fatos históricos e ao vasto território do nosso país, o português brasileiro possui diversas diferenças dialetais, inclusive no léxico, porém, surpreendentemente mantém uma norma unificada proporcionando a manutenção de uma mesma língua em todo o país.

    Há algumas controvérsias com relação à organização das zonas dialetais brasileiras, até porque há bastantes variantes em determinadas áreas, impedindo, portanto, de se estabelecer uma “zona” dialetal. Contudo, podemos tentar fazer uma divisão entre as variações mais evidentes.

   O que ocorre, também, é uma insuficiência das informações completas sobre as diferenças no léxico, na fonética, etc, para que se possa fazer uma divisão precisa entre as variantes regionais do falar brasileiro. Mas podemos ousar dividir os dialetos do português brasileiro em dois grupos: o do NORTE e o do SUL, e dentro destes grupos definir suas principais variedades.
NORTE: amazônica e nordestina.

SUL: baiana, fluminense, mineira e sulina.

Vale ressaltar que no Nordeste brasileiro há diversos dialetos, que, junto com os dialetos amazônicos constituem o chamado português brasileiro setentrional.

Vejamos algumas outras variedades do português brasileiro:


Dialeto nortista (amazofonia): falado pelos habitantes da região norte do país, ou seja, pela região amazônica, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e parte do Pará.

   Dialeto sertanejo: falado nas regiões do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Minas Gerais.


   Dialeto Sulista: falado na região sul do país, abrangendo principalmente os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Alguns estudiosos incluem também alguns estados do sudeste e centro oeste.


    Dialeto baiano (baianês): falado na região geográfica que abrange o estado da Bahia, além de Sergipe, norte de Minas Gerais, leste de Goiás e Tocantins.

    Uma observação importante é que o chamado dialeto baiano, embora se encontrando na região nordeste, tem influência sobre outras áreas vizinhas como Minas Gerais, Goiás e Tocantins, sendo, portanto, considerado por alguns como parte dos dialetos sulistas. Este termo talvez não seja o mais adequado, já que difere muito dos dialetos do sul do país, fato que leva alguns estudiosos a criarem o termo centro-sulista para designar este dialeto.


  Dialeto nordestino: falado nos estados do Nordeste, porém com claras subdivisões e variações entre estados, regiões ou até mesmo cidades. Contém, contudo, características bem semelhantes e por isso se mantém em um mesmo grupo.

  Outros dialetos, pertencentes a áreas menores, podem ser distinguidos, por possuírem características próprias no seu falar:
Dialeto interiorano: regiões agreste e sertão do nordeste. caracterizado por apresentar forte som em /di/ e /ti/.


Dialeto Mateiro: zona da mata. Parecido com o dialeto interiorano, porém a maneira de falar é “mais rápida”.
Dialeto Recifense: região metropolitana do Recife. Possui as características das duas anteriores, porém a palatalização das fricativas ocorre antes de todas as consoantes.


   Dialeto Florianopolitano (manézinho): Florianópolis, SC. O falar é uma junção do português açoriano com o português madeirense, sofrendo influência do falar indígena.

Dialeto Carioca: região metropolitana do Rio de Janeiro. O falar traz muitas características do português lusitano, como o “s” chiado e o uso das vogais mais abertas mesmo em contextos que favorecem o fechamento da mesma.
Dialeto brasiliense (candango): Cidade de Brasília e região metropolitana. É um dialeto mais neutro, uma mistura dos demais, decorrente da grande migração ocorrida para esta cidade durante a sua construção.É considerado por muitos como um “sotaque branco”.


Dialeto cearense: falado no estado do Ceará. Possui variações internas, mas se caracteriza basicamente pelo uso do pronome “tu” com maior frequência em vez de “você”, além de características em comum com os demais dialetos nordestinos. Possui também muitas particularidades em seu léxico.

Dialeto gaúcho: falado no Rio Grande do Sul e em parte do Paraná e de Santa Catarina. É caracterizado por particularidades em seu léxico, influências do italiano, espanhol e alemão. Quanto aos aspectos fonéticos possui também diversas características particulares, podendo ser facilmente distinguidos entre os demais dialetos brasileiros.


Dialeto Mineiro (montanhês): região central de Minas Gerais. Facilmente distinguível dos demais dialetos brasileiros, principalmente pelas características fonéticas bem particulares.

Primeiramente, cabe uma observação a respeito dos termos: sotaque e pronúncia. Sotaque se define por nuances que envolvem, entre outros aspectos, ritmo, acento, timbre, e não deve sofrer avaliações do tipo certo ou errado. 
  O sotaque varia conforme as regiões e, até mesmo, conforme os grupos sociais. Pode ser, inclusive, escolha do falante, já que somos capazes de imitar os sotaques de regiões ou grupos a que não pertencemos originalmente. Somos, igualmente, passíveis de {adoptar|adotar}, mesmo involuntariamente, um determinado sotaque devido a uma convivência intensa com falantes de outras regiões ou por nos deslocarmos para outra região que não aquela em que vivemos por mais tempo e que caracterizava nosso modo de falar.


    Pronúncia é um termo usado com frequência para nos referirmos ao modo de articulação próprio dos fonemas-padrão de cada língua. Fazendo a diferença entre os fonemas, propriamente ditos, que são distintivos, já que o uso de um ou de outro implica mudança de significado nas palavras em que estão inseridos, como é o caso de caro e carro.

Aproveito o exemplo dado pela consulente para ilustrar minhas afirmações.
As distribuições sistematizadas do som da letra r em português podem ser:
fraco, forte e posvocálico. Essas distribuições são inerentes à língua portuguesa, mas podem ter realizações ligeiramente diferentes conforme a região de origem de quem fala. Consideremos quatro regiões: Belo Horizonte (BH), Rio de Janeiro (RJ), Interior (I) e Portugal (P — Lisboa).

   O som fraco, como em caro e prato, realiza-se do mesmo modo nas quatro regiões.
O som forte, como em carro, rua e Israel, realiza-se BH = RJ, mas com a possibilidade de alofones diferentes, sendo em BH aspirado e no RJ quase "nulo"; e I = P com a possibilidade de alofone vibrante múltipla.
O som posvocálico, como em corda, porta e mar, realiza-se em cada uma dessas regiões de um modo diferente, sendo que os alofones também variam muito; no RJ há quase uma anulação total, por isso, os portugueses imitam os cariocas dizendo "vou falá", "o má", etc. Em P o som posvocálico se iguala ao som fraco, sendo que em seu alofone realizado em fim de palavra, como em mar, ocorre "acréscimo" de um fonema vocálico [e] que torna-se também objeto de brincadeiras entre os falantes da variedade brasileira.
Voltando à questão inicial, não há sotaque "mais correto", e é interessante que haja toda essa diferença entre uma pronúncia "arrastada" e uma outra aspirada, por exemplo.

   A diversidade, seja ela de que natureza for, abre espaço para trocas produtivas entre grupos e indivíduos, como as partilhas que fazemos neste site, à distância, ou como as que se pode fazer a cada dia entre os colegas de trabalho.

Deixo, porém, duas citações de estudiosas da área a título de reflexão sobre a instituição de um sistema-padrão em termos fonológicos:
«Que pronúncia, que variante tomar como base, como modelo? A dos grandes centros urbanos (que não são tantos e são tão diferenciados), a da classe social mais privilegiada, que representa uma minoria em nosso país?» (Callou & Leite, 2000:46).

«A linguagem-padrão vem a ser apenas uma variedade entre muitas, embora uma variedade particularmente importante, pois atua como uma das forças contrárias à variação. Não existe nenhum aspecto inerente nas variantes não-padrão que as torne inferiores» (Callou & Leite, 2000:96).
E ainda:
«No que respeita à realização de uma língua em diversas regiões (à sua distribuição geográfica), as variedades regionais, ou dialectos, têm idêntico estatuto linguístico. Assim, o termo "dialecto" não refere uma forma diferente (ou desprestigiada) de falar uma língua, mas sim a forma de falar uma língua conforme a região a que pertence o falante» (Mateus & Villalva, 2006:75).

OBS: Para a terminologia usada, servi-me daquela usada em: Silva, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português. São Paulo: Contexto, 2003.

Fontes: http://www.infoescola.com/linguistica/dialetos-brasileiros/
https://novaescola.org.br/conteudo/2526/como-surgiram-os-diferentes-sotaques-do-brasil
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/sobre-o-sotaque-no-brasil/21648

https://www.estudokids.com.br/sotaque-o-que-e/


Pesquisa e organização da postagem: Professoras: Lourdes Duarte e Elza Interaminense

A regionalização do Brasil






A regionalização do Brasil

    A primeira divisão do território do Brasil em grandes regiões foi proposta em 1913, os "cinco brasis", para ser usada no ensino de Geografia. Os critérios utilizados para fazê-la foram físicos, já que a natureza era considerada duradoura e as atividades humanas, mutáveis. A divisão regional deveria ser baseada em critérios que resistissem por bastante tempo. Tal divisão demonstra uma preocupação muito grande em fortalecer a imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a República havia sido proclamada há poucos anos, em 15 de novembro de 1889.
    A divisão em grandes regiões proposta em 1913 influenciou estudos e pesquisas até a década de 1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território do Brasil, cada uma usando um critério diferente. Porém, em 1938, foi preciso escolher uma delas para fazer o Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém informações sobre a população, o território e o desenvolvimento da economia que é atualizado todos os anos. Mas, para organizar as informações, era necessário adotar uma divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo Ministério da Agricultura foi a escolhida.

    Maranhão e Piauí foram incluídos na região Norte, junto com o território do Acre e os estados do Amazonas e do Pará. No Nordeste, ficavam Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região Sudeste, mas, sim, uma região chamada Este, onde se localizavam os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região Sul, estavam o Rio de Janeiro -- que, na época, era a capital do país -- e São Paulo. Além deles, ficavam na região Sul os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A região Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada Centro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Como a divisão proposta em 1913, esta organização do território brasileiro não era oficial.

    O território do Brasil já passou por diversas divisões regionais. A primeira proposta de regionalização foi realizada em 1913 e depois dela outras propostas surgiram, tentando adaptar a divisão regional às características econômicas, culturais, físicas e sociais dos estados. A regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Divisão regional de 1913

    A primeira proposta de divisão regional do Brasil surgiu em 1913, para ser utilizada no ensino de geografia. Os critérios utilizados para esse processo foram apenas aspectos físicos – clima, vegetação e relevo. Dividia o país em cinco regiões: Setentrional, Norte Oriental, Oriental, Meridional.

1940

    Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão para o país que, além dos aspectos físicos, levou em consideração aspectos socioeconômicos. A região Norte era composta pelos estados de Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e o território do Acre. Goiás e Mato Grosso formavam com Minas Gerais a região Centro. Bahia, Sergipe e Espírito Santo formavam a região Leste. O Nordeste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.


Divisão regional de 1945


1945


    Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território de Rio Branco, atual estado de Roraima; no norte do Pará foi criado o estado do Amapá. Mato Grosso perdeu uma porção a noroeste (batizado como território de Guaporé) e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No Sul, Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste e o território de Iguaçu foi criado.

1950
Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a região Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para o Centro-Oeste. Em 1962, o Acre tornou-se estado autônomo e o território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.

1970
Em 1970, o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados a Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul.

Divisão regional atual



O Brasil é dividido em Estados e Regiões. A regionalização, proposta em 1969, foi elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e sua implantação efetiva vigorou a partir de 1° de janeiro de 1970. Para consolidar a divisão do país, o IBGE tomou como base os aspectos naturais, embora tenha levado em conta os fatores humanos ao formar o Sudeste. Foram criadas as seguintes Regiões:
Região Centro-Oeste 
Constituída por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, totaliza uma área de 1.604 852 km2 que abriga aproximadamente 14 milhões de pessoas.


Região Nordeste

A região caracterizada pela seca ocupa uma área de 1.556.001 km2, onde vivem aproximadamente 53 milhões de pessoas. É composta pelos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão.

Região Norte

Formada pelos estados do Acre, Tocantins, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Amapá. O território é constituído por uma área de 3.851 560 km2, ocupada por aproximadamente 15,8 milhões de pessoas.

Região Sudeste 

Região onde vivem cerca de 80,3 milhões de habitantes distribuídos em uma área de 927. 286 km2. O sudeste é constituído por quatro estados, são eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Região Sul

Ocupa uma extensão territorial de 575. 316 km2, onde se encontram distribuídos cerca de 27,3 milhões de habitantes. A menor das regiões brasileiras é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No país não existem estados que integram duas regiões simultaneamente.

Fontes:
http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html
Por Wagner de Cerqueria e Francisco
http://www.getulionascimento.com/news/regionalizacao-do-brasil/