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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O QUE É UMA CRÔNICA E SUAS CARACTERÍSTICAS.



O QUE É UMA CRÔNICA E SUAS CARACTERÍSTICAS.

    A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.

Você já deve ter lido algumas crônicas, pois estão presentes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar sobre fatos até mesmo íntimos com o leitor.

O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas.



CARACTERÍSTICAS DAS CRÔNICAS

Como exposto acima, há vários motivos que levam os leitores a gostar das crônicas, mas e se você fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esquematizada as características da crônica:

•  Narração curta;
• Descreve fatos da vida cotidiana;
• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
• Possui personagens comuns;
• Segue um tempo cronológico determinado;
• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;
• Linguagem simples.

Portanto, se você não gosta ou sente dificuldades de ler, a crônica é uma dica interessante, pois possui todos os requisitos necessários para tornar a leitura um hábito agradável!

Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são: Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial, Arnaldo Jabor, dentre outros.

Escolhas de uma vida
Pedro Bial



A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...


     Como sabemos, a palavra crônica tem origem grega (chronos) e significa "tempo". O gênero discursivo crônica narrativa pertence à tipologia de texto narrativa e pode ser definido como sendo uma breve história que retrata acontecimentos diversos do nosso cotiano em determinada época e de maneira bem-humorada e inusitada. Trata-se, portanto, de uma narrativa que segue uma ordem cronológica e que relata fatos do cotidiano e outros assuntos relacionados à arte, esporte, ciência, relacionamentos interpessoais, entre outros.
De maneira geral, encontramos as crônicas narrativas em suportes de circulação como jornais, revistas e livros (coletâneas de crônicas). Os cronistas, assim chamados os escritores de crônicas, relatam os acontecimentos sociais a partir de sua visão crítica sobre os fatos. Em grande parte das crônicas narrativas, é possível encontrar muitas sequências de discurso direto (diálogo).
Leia um exemplo de crônica narrativa do escritor brasileiro Luis Fernando Verissimo:

 Crônica narração curta

Pneu furado

   O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonitinha. Tão bonitinha que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo "Pode deixar". Ele trocaria o pneu.
– Você tem macaco? - perguntou o homem.
– Não - respondeu a moça.
– Tudo bem, eu tenho - disse o homem - Você tem estepe?
– Não - disse a moça.
– Vamos usar o meu - disse o homem. E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça. Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava esperando. Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar. Dali a pouco chegou o dono do carro.
– Puxa, você trocou o pneu pra mim. Muito obrigado.
– É. Eu... Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
– Coisa estranha.
– É uma compulsão. Sei lá.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola


 Crônica que descreve fatos da vida cotidiana

OS MORADORES DE Rua
Autora: Tais Luso de Carvalho
https://taisluso.blogspot.com.br/2010/05/os-moradores-de-rua.html


     Estes desprovidos de sorte, filhos de uma vida desgraçada, passam o dia caminhando, comendo as sobras e o podre dos outros. É dureza caminhar tanto, suplicar tanto para no fim do dia conseguirem comer lixo. E os responsáveis por isso, por este lindo quadro patriótico, passam sem olhar. Não interessa olhar para desgraça. Todos querem ver uma cidade bonita, limpa, arborizada e florida; quanto mais florida, melhor! Esconde o horror.

O que mais se vê pelas esquinas dos países em desenvolvimento, é gente dormindo pelos cantos, enfiados em buracos ou em caixas de papelão, num canto debaixo de qualquer coisa que se pareça com teto. Vivem como ratos; mas são os moradores de rua: um dia aqui, outro ali... Caminham e procuram por um canto até terem a certeza do sossego. E contam com a sorte de não serem importunados por gente sem piedade.

E nós, os mais sortudos, damos de cara com este mundo cão, um mundo que saltou da condição de pobreza, para a indigência, porém, muitas vezes ainda botamos banca, achando que ver isso é desagradável. Desagradável é pouco: é desumano tanto descaso. Mas a solução não está em nossas mãos: o brasileiro trabalha meio ano para pagar imposto e o que vemos é isto. De nada adianta a população sair a distribuir uns trocados; isto nós fazemos. E não soluciona, nem minimiza o problema.

 Pelas ruas, mãos humilhadas se estendem; nos tocam e suplicam. Já conhecem o que é desprezo, o que é fome, o que é sede, o que é martírio. Conhecem um lado da vida que nós não conhecemos. Banheiros e chuveiros não existem para os moradores de rua. E como é que fica? Algum político já deu alguma solução? Não: lugar de fazer as necessidades fisiológicas fica a quilômetros, subindo os morros, na mata. E olha lá.

Então vem a pergunta que não cala: por que esta gente não arruma um emprego? Por que ficam pedindo, ao invés de trabalharem?
Ora... como resolver este problema se esta gente é solitária, doente, desamparada, sem escolaridade... Não há interesse político voltado para todos eles; não temos uma ação social eficaz. E outras pragas mais. O dinheiro é para outros fins.

Dá pra entender que somos um país em dificuldades; só não deu pra entender, ainda, que um país continental como o nosso, com tanta gente miserável morando nas ruas, com milhões de pessoas passando fome, que ainda se escute que não há verba suficiente para matar a fome do povo e lhes proporcionar um teto.

PORÉM...

Para meu espanto, de uma hora pra outra surgem milhões de nossas reservas para mandar pra fora do país... Fazendo bonito com o sacrifício de nossa população indigente, que come capim e faz sopa de papelão e jornal. Sei que é um enorme problema social, mas seguindo meu bom senso, teríamos de resolver, primeiro, o problema da nossa gente: dar comida e teto para o Brasil. Mas não é bem assim: existem as negociações! E, enquanto os homi ficam trocando figurinhas, nossa gente que espere, que continue a comer lixo.


Crônicas com caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico
Tudo vai melhorar! Cronicas Pequenas e Engraçadas

Numa feira de agropecuária, um fazendeiro do Mato Grosso do Sul encontrou-se com um Fazendeiro do estado do Tocantins:
O Fazendeiro do Mato Grosso do Sul perguntou:
- Cumpadre! Se o senhor não se importa deu perguntar, Qual é o tamanho da sua fazenda?
O Fazendeiro do Tocantins respondeu:
- Oía cumpadre! Acho que deve di dar aí uns quatrocentos hectare é piquinina! E a sua?
Como o fazendeiro do Mato Grosso do Sul era daquele tipo meio arrogante e cheio de mania de grandeza ele foi logo esnobando o outro fazendeiro dizendo:
- Cumpadre! O senhor sabe que eu nunca me interessei de contá eu só sei que eu saio de manhã bem cedinho e quando é meio dia eu ainda nem cheguei na metade da propriedade. Respondeu o fazendeiro do Mato Grosso.
O fazendeiro do Tocantins, comovido, deu uns tapinhas nas costas do fazendeiro do Mato Grosso e disse:
- Eu sei cumpadre!...Eu sei! No começo eu também andava de carroça...Squenta não!...Guenta firme cumpadre! Tenho certeza que tudo vai melhorar!

Edilson Rodrigues Silva

Táxi



táxi
Dois amigos, que como bons portugas se chamavam Joaquim e Manuel, resolveram comprar um táxi em sociedade. Depois de rodarem dia e noite pela cidade, durante um ano, sem pegar um único passageiro, decidiram desfazer o negócio, inconformados com o prejuízo. Fazem as contas e dividiram as perdas. Mas foi só o Joaquim descer do táxi que, já no primeiro quarteirão, o Manuel conseguiu o seu primeiro passageiro... 

Depois de deixar a sociedade no táxi, o Joaquim, se achando um azarado, estava meio deprimido. Como ele era muito tímido, comprou um carro para ver se arrumava alguma namorada.

Alguns dias depois conseguiu convencer uma bela morena a ir até a praia. Pensou consigo mesmo, "esta eu pego!” 

No dia combinado, botaram o carro na estrada. Depois de rodar cinqüenta quilômetros, Joaquim ganhou coragem e colocou uma mão no joelho da moça. Percebendo as intenções dele, pra facilitar, ela falou:

-Se quiser, pode ir mais adiante.

A animação bateu no coração do Joaquim, ele tirou a mão do joelho da garota, agarrou o volante, pisou fundo no acelerador e...
.
.
... dirigiu por mais 100 Km!


Crônica Literária



A crônica literária, assim como o folhetim, tem suas origens na prosa francesa do século XIX. Filhos do jornal, tais gêneros surgem na época em que os veículos de comunicação se tornaram massificados, com tiragens relativamente grandes e conteúdo acessível ao público inculto. A partir daí, tanto o folhetim quanto a crônica passaram a ter seu lugar garantido em praticamente todos os jornais. Todavia, enquanto o primeiro se constitui num espaço reservado às narrativas ficcionais, a crônica, em regra, é um texto com linguagem um pouco mais próxima à das reportagens, que registra e comenta a vida cotidiana da cidade, do país, ou do mundo. De acordo com a crítica Leyla Perrone-Moisés:

Crônica de feição moderna, [...] publicada em jornal ou revista e muitas vezes reunida em volume, concentra-se num acontecimento diário que tenha chamado a atenção do escritor, e semelha, à primeira vista, não apresentar caráter próprio ou limites muito precisos. Na verdade, classifica-se como expressão literária híbrida, ou múltipla, de vez que pode assumir a forma de alegoria, necrológio, entrevista, invectiva, apelo, resenha, confissão, monólogo, diálogo, em torno de personagens reais e/ou imaginárias etc. [...] implicando sempre a visão pessoal, subjetiva, ante um fato qualquer do cotidiano, a crônica estimula a veia poética do prosador; ou dá margem a que este revele seus dotes de contador de histórias.
O escritor Affonso Romano de Sant’Anna também aponta essa característica dúplice da crônica:
É um gênero intermediário entre o jornalismo e a literatura. Como texto para jornal é aquele no qual é admitido alto grau de subjetividade. Os demais jornalistas têm que ser mais objetivos. O cronista vai ao Oriente pelo Ocidente, ou vice-versa. É também um gênero disseminador. O recorte da crônica ganha um significado especial. O leitor se apodera do texto, guarda-o na carteira, na agenda, o reproduz e o repassa como um talismã criando uma espécie de corrente. Por isto, já pensei que entre o jornal e o livro, talvez fosse necessário servir as crônicas separadamente ao leitor, e num papel mais resistente, numa caixa ou pasta onde ele escolhesse as que quisesse.
Assim, por seu estilo diferenciado e, de certa forma, liberto de exigências como objetividade, imparcialidade, urgência ou furo, a crônica se apresenta como espaço privilegiado para a defesa de opiniões que fogem ao senso comum presente na abordagem das notícias. O cronista observa o mundo e o apresenta aos leitores segundo sua interpretação, assumindo o papel do intelectual conectado com os conflitos de seu tempo. A liberdade com relação às regras que direcionam a prática jornalística concede ao cronista maior autonomia para divulgar visões alternativas a respeito de temas da atualidade e, não raro, suscitar perplexidades.
Os textos do gênero são marcados, principalmente, pelos comentários pessoais e o olhar subjetivo. Nesse sentido, a crônica funciona como um elemento de perturbação da objetividade, ampliando as possibilidades de leitura do jornal. Se os fatos e o tempo são a matéria-prima da notícia, é também com fatos e com atualidade que a crônica joga. Só que ela os explora para ultrapassá-los.
Na maioria das vezes, a crônica é desenvolvida com o tom de uma conversa leve e acessível. O texto costuma ser curto e de linguagem acessível, tornando-o mais próximo dos leitores de todas as faixas etárias. Os leitores, quando se identificam com as opiniões manifestadas pelo autor, terminam por considerá-lo como uma espécie de “amigo” mais culto, que elegem como porta-voz de suas ideias.
Com a chegada do novo modelo de jornalismo, muitos dos profissionais de imprensa que estavam acostumados aos antigos padrões optaram por se fixar na crônica, espaço onde podiam exercer à vontade o papel de polemistas, lançando mão de recursos como a sátira, a ironia, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre temas presentes no cotidiano. O intercruzamento de temas e gêneros distintos também é um aspecto que pode ser observado com recorrência.
Entre os maiores cronistas da história do jornalismo brasileiro, destacam-se Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, Cecília Meireles, Rubem Braga, Nelson Rodrigues, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, entre outros.

Exemplo:


Josefino – O Primeiro Imperador da Terra de Cego - Juliano Martins.

  Em Terra de Cego quem tem um olho é o Josefino, filho do seu Aderbal, que mora lá no final da Vila Real
Desde criança, Josefino era a pessoa mais famosa e requisitada na Terra de Cego. Sendo o único habitante que tinha um olho, não havia uma só alma viva que não o procurasse em um momento ou outro da vida.
Em Terra de Cego, as festas eram rotina. Nestas ocasiões, as pessoas se produziam. Vestiam suas melhores roupas, caprichavam no penteado e maquiagem. Depois, corriam até o Josefino para perguntar o que ele achava. Isso para não falar nas inúmeras vezes em que o pequenino Josefino foi arrastado até as lojas e determinava se as roupas “caíam” bem nos clientes. Se ele dizia não, o vendedor tratava de tatear e trazer outra opção. O cliente só comprava as roupas quando Josefino dava seu ok.
Com o tempo, inteligência mais aguçada ao fincar os pés na adolescência, Josefino percebeu que podia tirar algum lucro com a habilidade. Começou a cobrar pela consultoria. Não dava uma única opinião se não lhe pagassem: seja em espécie ou favores. Acompanhava as pessoas em suas compras, sugeria decoração, opinava na construção de casas, armazéns e palácios. E foi assim que sua riqueza começou a crescer vertiginosamente, dia após dia, ano após ano.
Com a demanda sempre crescente, passou a cobrar exorbitâncias. Somente os homens e as mulheres mais ricos podiam lhe pagar. Em certo momento, os nobres passaram a lhe trazer pretendentes apaixonados para ver se eram belos o suficiente para lhes permitir casar com suas filhas. Se Josefino não elogiava a beleza do pretendente, lá se ia um rapaz aos prantos, desiludido e solitário.
Com a riqueza e poder extraordinários, Josefino construiu um castelo. Montou uma gigantesca guarda com mais de mil guerreiros. Passou a erigir monumentos em sua homenagem. E, finalmente, aos 25 anos, proclamou-se rei da Terra de Cego. A partir daí, passou a ser conhecido como Imperador Josefino I.
Certo dia, um viajante com dois olhos chegou a cidade. Ele tinha sido atraído pelas notícias de Josefino, de como tinha construído um império com apenas um olho. Se um olho fora capaz de tornar um homem imperador, dois olhos (deve ter suposto o viajante) tornariam-no em um deus.
No dia que o viajante chegou à cidade, e proclamou ser possuidor de dois olhos, todos foram ao seu encontro. Uma multidão de dezenas, centenas de pessoas. Contrário às suas expectativas, foi agarrado, levado à praça pública e linchado até a morte pelos moradores.
Sua morte foi muito rápida. Provavelmente, nem teve tempo de aprender a valiosa lição: Em terra de cego quem tem um olho é rei. Mas, quem tem dois é uma aberração.

Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens.

     A oralidade e a escrita são duas formas de variação linguística, donde a oralidade é geralmente marcada pela linguagem coloquial (ou informal), enquanto a escrita, em grande parte, está associada à linguagem culta (ou formal).
A Fala, a Leitura e a Escrita.

    Quando falamos com os amigos ou familiares utilizamos a linguagem informal, constituída por marcas da oralidade, seja abreviações, erros de concordância, gírias, expressão menos prestigiadas, prosódias.

   Importante notar que historicamente, a fala precede a escrita, ou seja, a escrita foi criada a partir da comunicação entre os homens bem como da necessidade de registro.
Claro que a linguagem informal não pode ser considerada errada uma vez que os falantes da língua utilizam a informalidade de acordo com determinados contextos.
No entanto, quando estamos conversando com superiores no trabalho, por exemplo, essas marcas são deixadas de lado, para dar lugar a uma linguagem mais cuidada, ou seja, aquela em que não notamos as marcas da oralidade, e que intuitivamente utilizamos em determinados contextos de produção que exigem formalidades.


Crônica- A idade das palavras
Walcyr Carrasco 


     Já cansei de ver gente madura falando gíria para parecer jovem. O trágico é que, em geral, a gíria é velha! Verbos, adjetivos e substantivos possuem maior permanência. Gíria é volátil. Terrível ver uma senhora madura e plastificada dizendo:

– Eu sou prafrentex!

O termo foi usado lá pela década de 60 para dizer que alguém aceitava comportamentos mais ousados, tipo viajar no fim de semana para a praia com um grupo de amigos, o máximo de liberdade imaginável até então. É passado. Assim como as variações para falar de homem bonito. Houve época em que era "pão", lá pelos anos 80 virou "lasanha". Agora se usa gato, se não estou atrasado. Volta e meia noto uma cinqüentona exclamar à passagem de algum atleta:

– Ai, que pão!

Esse é o mal das gírias. Marcam a juventude de cada um. O tempo passa. Fica difícil mudar o modo de falar. Às vezes ainda ouço um "é uma brasa, mora", usado por Roberto Carlos nos tempos do programa Jovem Guarda, início dos 60. Lembro do sucesso de "boko moko", criado por uma marca de refrigerante para identificar quem era cafona e não tomava a tal bebida. Caiu na boca do povo. Cafona vale? Ou devo dizer "out", como na década de 90?

As palavras expressam sua época. Certa vez estava escrevendo uma novela passada nos anos 20 e coloquei a expressão "vou tirar você do meu caderninho". Meu pesquisador me orientou:

– Naquele tempo poucas pessoas tinham telefone em casa. Não se falava assim.

O tal "caderninho" correspondia à agenda telefônica. Só passou a ser comum quando o aparelho se tornou mais popular.

Para escrever outra novela de época, passada no século XVIII, eu recorria ao raciocínio puro e simples para definir o modo de falar. Descobri que "comer à tripa forra" tinha a ver com o período da escravidão. O negro liberto era "forro". Deduzi que significava comer à vontade.

Outro dia, vendo uma reportagem de televisão, observei uma família simples com o telefone de teclas. Todo mundo tem. Até algum tempo atrás se discava o telefone. Hoje se tecla um número.

Reconheço. Tenho saudade de certos termos. Lembro de meu irmão mais velho dizendo "que carro jóia!". E "olha o broto!". Ou dos amigos nos anos 70, quando fiz faculdade. Freqüente era ouvir "tou numas com ela", equivalente, guardadas algumas proporções, ao "ficar" de hoje em dia.

Que adolescente aceitaria hoje ir a um "mingau dançante"? Vão para a balada, para a "night". Aliás, a maioria foge de mingau e de qualquer delícia que engorde!

Muita gente odeia gíria. Alguns a consideram um dialeto capaz de estraçalhar a língua. Esquecem-se de que, no seu tempo, também a usavam. Não é fácil acompanhar sua evolução. Outro dia ouvi:

– Eu deletei aquele sujeito da minha vida.

É a versão mais atual para "tirei do meu caderninho". No computador, deletar é eliminar. Apagar. Também se fala tranquilamente:

– Eu estava casado, mas não estou mais.

Não tem nada a ver com casamento formal, necessariamente. Significa que o rapaz em questão viveu um relacionamento forte. Possivelmente, nem moravam sob o mesmo teto.

Eu me confundo: não sei se ainda se fala "hype" para indicar algo que no passado foi "in". Ou que alguém é "fashion", para dizer que está "nos trinques" como nos anos 80. Falar com um jeito antigo é pior do que botar calça boca-de-sino, ícone dos anos 60.

Não há corte de cabelo, Botox ou plástica que resista. Gíria velha denuncia a idade mais do que um festival de rugas!




Crônica com sentido carta

 Desistindo de Natal
  Moacyr Scliar


 Segundo pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, 32% dos consumidores não pretendem fazer compras neste Natal. Folha Dinheiro, 9 de dezembro de 2005

"Prezado Papai Noel: há uma semana eu lhe mandei uma carta com a lista dos meus pedidos para o Natal. Agora estou mandando esta outra carta para dizer que mudei de ideia. Não vou querer nada. Ontem o papai nos avisou que não tem dinheiro para as compras do fim de ano. Papai está desempregado há mais de um ano. A gente mora numa cidade pequena do interior, muito pobre. No Natal passado, o prefeito anunciou que tinha um presente para a população: uma grande fábrica viria se instalar aqui, dando emprego para muitas pessoas. Meu pai ficou animado. Ele é um homem trabalhador, sabe fazer muitas coisas e achou que com isso o nosso problema estaria resolvido. Agora, porém, o prefeito teve de dizer que a fábrica não vem mais. Não entendo dessas coisas, mas parece que a situação está difícil.

Portanto, Papai Noel, peço-lhe desculpas se o senhor já encomendou as coisas, mas infelizmente vou ter de desistir. Para começar, não quero aquela bonita árvore de Natal de que lhe falei -até mandei um desenho, lembra? Nada de pinheirinho, nada de luzinhas, nada de bolinhas coloridas. A verdade, Papai Noel, é que essas coisas só gastam espaço e, como disse a mamãe, gastam muita luz.

E nada de ceia de Natal, Papai Noel. Nada de peru. Como eu lhe disse, nunca comi peru na minha vida, mas acho que não vai me fazer falta. Se tivesse peru, eu comeria tanto que decerto passaria mal. Portanto, nada de peru. Aliás, se a gente tiver comida na mesa, já será uma grande coisa.

Nada de presentes, Papai Noel. Não quero mais aquela bicicleta com a qual sonho há tanto tempo. Bicicletas custam caro. E além disso é uma coisa perigosa. O cara pode cair, pode ser atropelado por um carro... Nada de bicicleta.

Nada de DVD, Papai Noel. Afinal, a gente já tem uma TV (verdade que de momento ela está estragada e não temos dinheiro para mandar consertar), mas DVD não é coisa tão urgente assim.

Também quero desistir da roupa nova que lhe pedi e dos sapatos. A minha roupa velha ainda está muito boa, e a mamãe vai fazer os remendos nos rasgões. E sapato sempre pode dar problema: às vezes ficam apertados, às vezes caem do pé... Prefiro continuar com meus tênis e o meu chinelo de dedo.

Ou seja: nada de Natal, Papai Noel. Para mim, nada de Natal. Agora, se o senhor for mesmo bonzinho e quiser nos dar algum presente, arranje um emprego para o meu pai. Ele ficará muito grato e nós também. Desejo ao senhor um Feliz Natal e um próspero Ano Novo."

Crônica Simples

    À medida que o tempo foi se esvaindo, a crônica foi se redimensionando a partir de suas distintas finalidades. Passando a ser cultivada em solo brasileiro a partir da segunda metade do século XIX, caracterizada como uma espécie de artigo no qual se discutia sobre assuntos políticos, sociais, artísticos, bem como retratava aspectos inerentes à vida de personagens importantes da sociedade carioca.

Situando-a no contexto vigente, percebemos uma nítida mudança quanto ao foco, haja vista que a crônica hoje oscila entre o jornalismo e a literatura. Tal qual o jornalista que mediante a observação dos fatos ligados ao cotidiano social revela-os de forma verídica e objetiva, o cronista, sob uma perspectiva individual e subjetiva - daí o perfil literário, analisa os fatos de forma singular, dando-lhes uma nova “roupagem”.

Assim sendo, podemos constatar que se atenua uma divergência entre tal dualidade, ou seja, enquanto que o repórter narra os acontecimentos de forma imparcial, o cronista se apoia nestes, no intento de expor ao leitor sua maneira pessoal de como compreendê-los, na qual emoção e subjetividade se fundem a todo o momento.

Mediante a referida intenção, ao desenvolver seu estilo próprio, o autor seleciona criteriosamente as palavras utilizadas em seu texto, materializadas por meio de uma linguagem simples e espontânea com vistas a promover uma efetiva interação entre os interlocutores.

Tornando práticos os nossos conhecimentos adquiridos sobre o gênero ora em discussão, analisemos, pois, uma crônica intitulada – O padeiro, de Rubem Braga:


Crônica - O padeiro

 Carlos Drummond de Andrade

     Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

    Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

- Não é ninguém, é o padeiro!

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

"Então você não é ninguém?"

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.

Pesquisa e organização da postagem: 

Profª Lourdes Duarte
e Elza Interaminense.


Fontes:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/cronica-narrativa.htm
http://humordeadolescetekkk.blogspot.com.br
http://corrosiva.com.br/cronicas/josefino-primeiro-imperador-terra-cego/
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=55308
http://brasilescola.uol.com.br/redacao/cronica.htm
http://portugues.uol.com.br/literatura/a-cronica-.html
http://vejasp.abril.com.br/revista/...
https://taisluso.blogspot.com.br/2010/05/os-moradores-de-rua.html









domingo, 27 de agosto de 2017

Poesia modernista: Temas diversos




Poesia modernista: Temas diversos

     Muito se tem falado sobre o processo de inovação desencadeado pelo primeiro tempo da poesia modernista. É bom que se tenha em mente que o que foi produzido no momento subsequente ao da Semana de Arte Moderna de 1922 é uma espécie de matriz do que viria a ser a poesia contemporânea.

     Não se trata aqui de dizer, sob o risco da simplificação, que, desde aquela época, a poesia não incorporou outros valores expressivos. O que é preciso lembrar é que foi naquele período que o próprio conceito de lirismo sofreu profundas modificações.

     A dessacralização do objeto poético foi certamente uma delas, talvez a principal. Tudo passou a ser matéria da poesia. Uma sensibilidade permeada pelo intelecto e a consciência explícita dos processos de criação literária fizeram da poesia modernista um espaço de discussão de temas pertinentes ao próprio fazer poético. A título de exemplo, lembremos poemas como "Poética" ("Estou farto do lirismo comedido..."), de Manuel Bandeira, verdadeira "carta-programa" do modernismo, ao lado das paródias de textos do romantismo e da literatura informativa sobre o Brasil, dos poemas-piada de Oswald de Andrade etc.



    A própria língua portuguesa, ferramenta básica da criação literária, foi tema de reflexão. Os conhecidos versos de "Pronominais" ("Dê-me um cigarro/ Diz a gramática/ Do professor e do aluno/ E do mulato sabido/ Mas o bom negro e o bom branco/ Da Nação Brasileira/ Dizem todos os dias/ Deixa disso camarada/ Me dá um cigarro"), de Oswald de Andrade, já discutiam à época um problema até hoje não resolvido pela gramática -pelo menos por sua vertente mais tradicional
     Na linguagem oral, a colocação do pronome átono no início do período ("Me dá um cigarro") é natural entre os falantes brasileiros do português. As gramáticas tradicionais, entretanto, ainda não incorporaram essa peculiaridade. Os modernistas, a propósito de aproximar a poesia da fala e de valorizar a arte como fator de identidade cultural, num momento de grande efervescência crítica, procuraram perceber essas idiossincrasias da dicção brasileira e agregá-las à literatura.

     Na leitura de "Amar: Verbo Intransitivo", de Mário de Andrade, é experimentada essa "língua brasileira". Os pronomes átonos, por exemplo, aparecem no início das frases, em franca atitude de rebeldia antiacadêmica.

    Os valores da cultura acadêmica, de modo geral, são questionados. Permeia o modernismo um espírito de renovação voltado para o encontro de nossas raízes.





Poesia na Segunda Geração do Modernismo

      A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, foi um divisor de águas para a Literatura brasileira. Apresentou, entre outros representantes das diversas áreas da arte, alguns dos expoentes da Literatura modernista que romperiam drasticamente com o modelo literário vigente. Nomes como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade exaltaram o Brasil na página literária e utilizaram à exaustão jogos primitivistas e antropofágicos.

     Em sua segunda fase, entre os anos de 1930 a 1945, a poesia modernista alargou seus horizontes temáticos e consolidou-se graças às conquistas de seus precursores. A segunda geração foi marcada pelo amadurecimento e pela ruptura com a fase polêmica de suas primeiras manifestações. A poesia continuou adotando o verso livre, mas resgatou também formas como o soneto ou o madrigal sem que isso fosse necessariamente um retorno às estéticas do passado, tão questionadas pelos poetas que ganharam projeção na Semana de Arte Moderna.

A poesia estava em sintonia com as diversas manifestações artísticas e com outras esferas culturais e, por esse motivo, é possível encontrar influências do Surrealismo e até mesmo da psicanálise, que dilataram o campo de experimentações poéticas. Podemos observar essa característica nos versos do poema “O Pastor Pianista”, de Murilo Mendes:


O Pastor Pianista
Murilo Mendes

Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.


Acompanhado pelas rosas migradoras
Apascento os pianos: gritam
E transmitem o antigo clamor do homem


Que reclamando a contemplação,
Sonha e provoca a harmonia,
Trabalha mesmo à força,
E pelo vento nas folhagens,
Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Pelo amor e seus contrastes,
Comunica-se com os deuses.



    Quanto à temática da poesia modernista da segunda fase, podemos observar a preocupação dos poetas não apenas com a abordagem do cotidiano, bastante denotada naquilo que alguns estudiosos chamaram de “momento poético”, mas também com problemas sociais e históricos. Drummond apropriou-se dessas características, que podem ser observadas no poema 

“Congresso Internacional do Medo”.

Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo


   Os poetas da segunda geração do modernismo deram continuidade às conquistas dos primeiros modernistas e criaram novas possibilidades temáticas, perpetuando a nova concepção de Literatura defendida por seus antecessores e levando adiante o projeto de liberdade de expressão que possibilitou até mesmo uma revisitação da Literatura clássica.


 A Poesia nos dias atuais


Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira)


Meu canto é chuva de tristeza e ardume,
Vindo de nuvens de agonia e amor.
Não lê meus versos se não tens queixume,
Não lê meu livro se inexiste dor.


Vulgar minha lira, de simplório canto;
Provindo d’alma toda inspiração.
Despreza o vate se te é seco o pranto
Ou rara a angústia no teu coração.


Meu livro é flor de fragrância inibida,
Meus versos pétalas de humilde flor.
Eu planto flores com a minha vida
E colho versos com a minha dor.


    Quando o assunto é poesia, a literatura brasileira conta com vários representantes que fizeram do ofício de escrever versos sua profissão de fé ou que escrevem com o coração e a alma seu lindo poetar.

      O gênero certamente é um dos preferidos dos leitores. Muitos são os versos que povoam o imaginário coletivo e a memória afetiva dos poetas e poetisas que enfeitam a vida com seus versos.


O tempo…
Autora: Donetzka Cercck L.Alvarez


O dono de tudo…
O senhor dos momentos…
Deixando as marcas…
Ele vai passando…
Deixando as lembranças…!!!
O tempo não volta…
O tempo só anda…
Não permanece…
Não pára…
A cada momento corre…
A cada instante nasce para logo a seguir morrer…
Tempo…
O dono de tudo…
O senhor da vida…
Traz o bom tempo depois das trovoadas…
Faz com que aconteça…
Deixa que deixe de acontecer…
O tempo muda…
O tempo cura…
O tempo leva…
O tempo não pára…
O tempo só anda…
O tempo passa…!!!

*****


Como num tango fandango
Autor:Jaime Portela



Como num tango fandango
do Carlos Gardel,
somos personagens fatais
a interpretar o poder
da sorte  por conquistar,
onde ensaiamos a crença
em violinos de cismas.


Como num enredo
do Martinho da Vila,
somos a plebe a sambar
num coração malandro
a enganar as pedras
indigestas dos caminhos
em pandeiretas de risos.


A tempo inteiro vadios
como num fado da Amália,
somos um povo castiço
que lava no rio a cantar
as guitarras da saudade
da vida que não levou
e que teima em não mudar.


Malditos e venturosos,
revoltados e cobardes
em estranha forma de vida,
somos areia movediça
em terra firme espalhada,
o tudo e o nada, indecisos,
de uma pátria adiada.
  
******



PROMESSAS
Autora:Gracita


Numa noite coberta pelo manto lunar
voltei meus pensamentos para as estrelas
e enfeitiçada por aquela miríade de luz
viajei para dentro do meu interior
e muitas juras fiz unicamente para o meu ser


Lembranças afloraram como flores recém nascidas
Um dia, precisei de palavras para me curar
Elas não vieram... fiquei só com a minha dor


Precisei de sorrisos para me alegrar
de um olhar para me acolher
de doçuras para me acariciar
precisei de um rosto amigo


Ele não veio!
A solidão foi a minha companheira
nos momentos de desalento e aflição


Jurei que esconderia minhas dores
na máscara do meu sorriso
Falhei nesta jura
e lágrimas de comiseração
atordoaram o meu ser


Coloquei expectativas demais
expus a nudez do meu coração
e minh'alma sensível
viveu a agonia da desilusão


Perdi a chave da minha felicidade
busquei-a em horizontes que não eram meus
só recuperei a esperança quando
me percebi valiosa e capaz
de superar as ausências


Cresci de dentro para fora
hoje não me permito cair
em abismo emocional


Deixei no passado a falsidade
sigo resguardada de toda e qualquer impureza
falsas promessas não me corrompe


Acredito no meu valor pessoal
Sou humana e vulnerável
hoje vejo no reflexo do olhar
os sentires verdadeiros
daqueles que querem bem


Sou o início, o meio e o fim
Um ser em constante mutação
uma peça na engrenagem
da construção de um ser
que não acredita na astúcia ardilosa
de quem tudo faz para ferir
um suscetível coração.
******




O AMOR
Autora: dinapoetisadapaz

O amor nada teme, tudo suporta,
E a forma de amar não imp
orta.
O amor acomoda todas as inquiet
udes,
E a sensação de amar, é de complet
ude.
Quando a gente ama tudo se ren
ova,•.
Quem verdadeiramente ama nada repr
ova.•.
Não há amargura que o amor não ac
abe.
E até as dores das recidivas, lhe c
abe.
Não lhe abate as inevitáveis desilus
ões,
E não reluta às novas e loucas emoç
ões.

O amor quando num coração ap
orta,
A’ lma triste logo se reconforta...


dinapoetisadapaz

Pesquisa e organização da postagem, Profª Lourdes Duarte e 
Elza Interaminense.



Fontes: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
Jaime Portela http://riosemmargenspoesia.blogspot.com.br/
dinapoetisadapaz https://experimentalailabrito.blogspot.com.br/